sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

O tédio

   O tédio tic-tac com o tempo do relógio, que não é o mesmo tempo do seu ócio
   O tédio te acorda com o nascer do sol, só não é o mesmo pôr do seu corpo no lençol
   O tédio te acompanha mesmo sem querer, só não tira férias e não te deixa adormecer
   O tédio vai e volta, entra e sai sem permissão, angústia que te aprisiona e te pega pela mão


  Meu caro companheiro, os seus dias vou contar, a tormenta que o segue, logo acabará
  Sua casa sem janelas, sua porta sem fechadura, não se abrem assim como sua boca suja
  Seu pesadelo só acabará quando ele chegar, se o tédio te deixar, se levante e vá buscar
  Não irei te perdoar pela taça de vinho quebrada, nem a cinza do cigarro espalhada pela casa

 
 Te abandono nesse verso por não ter o que falar, seu tédio é tão contagioso que me fez calar
 Quando sair dessa, não se esqueça de ir a missa, invente um pecado mesmo que não exista
 Tuas feridas cicatrizam quando deixa de mexer, se manter ela aberta, deixará de adoecer
 Fique aqui sozinho, seu tédio em uma estrofe, voltarei só para escrever a sua morte.

De Sete Disserte

Eu
Queria dizer
Que eu posso 
Fazer uma estrofe linear
Sem deixar de falar amando
Sem  deixar de sofrer e cantar 
Sem deixar de rimar os sete sofreres.